terça-feira, 17 de março de 2009

Mais causas

Causalidade da violência em escolas

As formas de significação da violência na escola foram levantadas por questões como: Há indícios de tentativa de negação da violência pela escola? Qual a natureza dos atos de violência relatados e quais os atores envolvidos?
O intuito é investigar se há violência nas escolas públicas e privadas pesquisadas e se no relato dos casos de violência é possível perceber uma tendência por parte das escolas em negá-los.
De acordo com a pesquisa de Waiselfisz (2004), em 2002, o Brasil tinha 35 milhões de jovens. Destes, 7 milhões não trabalhavam, nem estudavam. Para a Unesco, a violência no país está diretamente relacionada à falta de perspectiva desses jovens.
Em muitos casos a violência é produzida pela própria instituição, porém ela não é assumida. Acontecem na escola, atos de discriminação, preconceito, exclusão ou violência simbólica. Sob o termo violência escolar, é possível identificar fenômenos heterogêneos, que vão desde atos reconhecidos como crime ou delito, até atentados cotidianos ao direito de cada um, ao direito de ser respeitado, passando pelo clima de insegurança.
A escola deixou de ser um espaço seguro e protegido para fazer parte do cenário de violências cotidianas. Além da violência física, há a violência psicológica que está presente também em outros espaços sociais, como o ambiente familiar e que, segundo Itani (1996) está relacionada ao abuso de poder disciplinador, ao tratamento abusivo das relações interpessoais, à depreciação da criança perante adultos, à violação de direitos.
As formas de manifestação da violência na escola sejam elas físicas, psicológicas ou de outra natureza, chamam a atenção dos pesquisadores, que enunciam que a violência nas escolas aparece atrelada tanto a fatores internos quanto externos às unidades escolares. Quantos aos externos, consideram que os socioeconômicos parecem preponderantes. “É comum se condicionar a violência na escola a um agravamento da crise e da exclusão social, as quais são sentidas mais intensamente nas classes baixas que estudam na escola pública”. Quanto aos fatores internos, observa-se que na escola, a violência poderia estar vinculada a certas deficiências na relação entre os diversos atuantes do ambiente escolar. Também sugerem que há, dentre outros problemas, um distanciamento entre os conteúdos curriculares e a vida cotidiana, não despertando interesse e, consequentemente, causando insatisfação dos mesmos. Raramente a violência é enxergada como sendo inerente ao contexto escolar, ou produzida por ele.
Alguns autores têm chamado a atenção também à violência velada, simbólica. Esta acontece de maneira sutil e é tão destruidora quanto as demais. Porém costuma ser negada ou negligenciada no ambiente escolar. Muitas escolas citam a família e os próprios alunos como sendo os principais responsáveis pela ocorrência de atos violentos na escola. Mais uma vez, a escola se exime de suas responsabilidades, colocando a culpa no outro, nos fatores externos, cujo controle não cabe à escola. As punições, inclusive, recaem sempre no aluno e em sua família que tem que comparecer a unidade de ensino para responder pelo ato praticado e atestar, junto à escola, a punição mais adequada.

Conclusão
A família é apontada por muitos como sendo responsável pela violência que se espalha na escola, sendo os fatores externos considerados em primeiro lugar. Dificilmente a escola se coloca como responsável por essas ocorrências e as intervenções propostas por ela não apontam em direção a uma compreensão da violência em que haja harmonia na convivência escolar. É necessário pesquisar e entender a fundo as reais causas da violência na escola e no intuito de propor estratégias de enfrentamento desse problema de maneira a priorizar o bem estar dos atores envolvidos na dinâmica escolar, bem como o reconhecimento de que esta é uma tarefa de todos nós.


(Fonte: http://www.catedra.ucb.br/sites/100/122/00000043.pdf)

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